Música judaica e israelense
As origens e a história das músicas judaicas e israelenses
As raízes da música judaica se encontram no Oriente Médio, particularmente na região onde hoje se encontra o Estado de Israel, tendo daí se espalhado para todos os cantos do mundo. Foi influenciada pelo fato dos judeus terem vivido quase dois mil anos entre outras culturas, sejam elas ocidentais ou orientais. Em conseqüência, a música judaica apresenta uma característica singular: o fato de ter como propriedade uma síntese inter-cultural.
A música judaica, efetivamente, atende a três funções, quais sejam:
1) como veículo religioso (por incluir a música nas orações);
2) como veículo cerimonial (simultaneamente de natureza popular e religiosa, sendo empregada em comemorações);
3) como veículo para a arte e entretenimento (abrangendo versões clássicas e populares, música instrumental e vocal, além de músicas folclóricas vinculadas a danças).
Três correntes principais se destacam em se tratando da música judaica:
- a) a Ashkenazi (ou ocidental):
- Possui como área de desenvolvimento o leste europeu, tendo a partir daí se deslocado para outras partes do mundo. Inclui a música KLEZMER (literalmente, instrumento de música, do hebraico “klei zemer”).
- b) a Sefaradi:
- Trata-se da música originada em países ao longo do Mediterrâneo, da Espanha, África do Norte e Turquia dentre outros. O termo “Sefaradi” significa espanholem hebraico, sendo uma alusão ao fato de que, até a expulsão dos judeus da região em 1492, uma efervescente cultura judaica estivera enraizada na Espanha. Da interação entre os judeus e as comunidades dos locais nos quais viviam surgiram músicas com elementos rítmicos e melódicos de forte conotação mediterrânea.
- c) a Oriental:
- Desenvolvida pelos judeus que habitavam países árabes (Egito, Síria, Líbano, Iraque, Irã e outros) bem como em regiões tais como a Índia.
Como já foi afirmado, a música judaica se caracteriza por dispor de duas facetas: ser religiosa ou laica (eventualmente ambas simultaneamente), dependendo de seu conteúdo e funções. Em se tratando da música religiosa, adotada nas rezas e nas Sinagogas, utiliza técnicas específicas, melodias bem determinadas e a arte do canto bíblico. Uma variante consiste na música Chassídica, que expressa devoção (e encontra seu lugar também nos lares).
A música laica é mais rítmica, incluindo canções de natureza popular e folclórica, fora do contexto religioso.
Em suma, a música judaica é ao mesmo tempo inovadora, vibrante, adaptativa e variada, desenvolvendo-se no entanto ao longo de um eixo que compartilha aspectos religiosos e da vida cotidiana.
A música de Israel
Em qualquer país e entre todos os povos a música representa uma vitrine do caráter e dos ideais nacionais. Ritmos, harmonias, melodias e a poesia da música descrevem e auxiliam na definição de características pessoais, costumes, rituais, aspectos religiosos, ou seja: as identidades pessoais e nacionais.
A maioria das sociedades atuais puderam desenvolver sua música ao longo de centenas ou milhares de anos. No entanto, o Estado de Israel teve apenas cerca de 70 anos desde sua independência em 1948 para definir-se como entidade política, social e cultural. A música israelense reflete toda esta situação peculiar.
Os primórdios da música israelense foram determinados por duas grandes linhas:
1) o movimento sionista, que procurou criar e disseminar a música israelense dita folclórica;
2) o antagonismo ao Nazismo e Fascismo, que levou muitos músicos judeus nascidos na Europa a se deslocarem para a Terra Santa.
De uma forma geral, os judeus que para lá imigraram trouxeram com eles músicas dos vários países de origem. Os líderes do movimento sionista inspiraram e uniram estes novos imigrantes (em hebraico, “olim hadashim”) através de uma identidade cultural comum. Os músicos compuseram centenas de canções folclóricas simples e curtas para que fossem disseminadas entre as comunidades e mesmo entre os judeus da diáspora. As letras falavam da experiência de viver em Israel, apresentavam estórias referentes aos ciclos da agricultura e contos de amor, dentre outros temas.
A tradição folclórica característica do período inicial de Israel se transformou em uma nova forma de música popular, representada, por exemplo, através das canções compostas por Naomi Shemer, entre 1960 e 1980. Diga-se de passagem, Naomi Shemer compôs Jerusalém de Ouro (“Yerushalaim Shel Zahav”, em hebraico), pouco antes da Guerra dos Seis Dias em 1967, versando a respeito do desejo de retorno a Jerusalém, na época ocupada pela Jordânia. Após a unificação de Jerusalém, Naomi Shemer alterou a letra da música tendo em vista a concretização das esperanças contidas no texto original.
Atualmente a música israelense reflete o cotidiano político, social, religioso e cultural, apresentando ramificações que a aproximam da música popular contemporânea europeia, da linha oriental (“Mizrahi”, em hebraico, representada por exemplo por Sarit Hadad) e até mesmo da música etíope.
Evidentemente, dada a diversidade da população, a música contém combinações de tradições judaicas e não-judaicas que se mesclaram desde a segunda metade do século XX, estabelecendo o chamado estilo israelense.
Vamos conhecer um pouco das músicas judaica e israelense?
“Agvaniá”, “Eshkolit” e “Hey Shoes – Hey Na’alaim” são exemplos típicos de músicas israelenses compostas na fase inicial do estabelecimento do Estado de Israel. A moderna música israelense, com múltiplas facetas, pode ser apreciada através de um show de Ami Gilad, gravado ao vivo, apresentado em inglês e em hebraico.
“Agvaniá”
Canções deste tipo eram cantadas quando do estabelecimento do Estado de Israel. Com a chegada de novos imigrantes, que não conheciam ou que tinham poucas noções de hebraico, melodias simples, com letras repetitivas, curtas (e não raro pueris…) eram compostas para facilitar a aprendizagem do idioma.
Ouça agora a música “Agvaniá” com acompanhamento da letra, em hebraico.
“Eshkolit”
“Hey Shoes – Hey Na’alaim”
“Ami Gilad Show”
Eis aqui um exemplo de música instrumental klezemer (arquivo midi), muito comum na Europa Oriental do século 19.
“Um Violinista no Telhado. Parece louco, não? Mas aqui, na pequena vila de Anatevka, você pode dizer que qualquer um de nós é um Violinista no Telhado, tentando tirar uma nota bonita sem cair e quebrar o pescoço”.
Não é fácil. Você pode perguntar: “Por que ele fica lá em cima, se é tão perigoso?”. Bem, nós ficamos pois Anatevka é nossa casa. E como nós mantemos o equilíbrio? Isso eu posso te dizer em uma palavra: TRADIÇÃO !
Por causa da nossa Tradição, nós temos mantido o equilíbrio por muitos, muitos anos. Aqui em Anatevka, nós temos tradições para tudo: como dormir, como comer, como trabalhar, como vestir roupas. Nós sempre mantemos nossas cabeças cobertas e também vestimos esses fios presos em nossas roupas, o que mostra nossa constante devoção a D’us.
Você pode perguntar: “Como essa Tradição começou?”. E eu vou te dizer… “Eu não sei. Mas é uma Tradição – e por causa dessa Tradição, cada um sabe quem é e também o que D’us espera que ele faça”.
Assim começa o famoso filme “O Violinista no Telhado”. Nele, o elemento da Tradição é sempre lembrado e discutido. Abaixo você poderá apreciar as versões instrumentais (em formato mp3) de algumas das principais músicas contidas no filme. Se tiver oportunidade, assista-o ou reveja-o!