A evolução da escrita proto-sinaítica a uma versão que poderíamos chamar de proto-hebraico, bastante semelhante ao proto-fenício (ou proto-canaanita), que teve a mesma origem, pode ser explicada a partir de certos acontecimentos ocorridos na época. Dentre eles, a assimilação do conceito de monoteísmo e o episódio do recebimento das tábuas da Lei junto ao Monte Sinai, que determinaram uma profunda mudança de natureza cultural.

De fato, dentre os Dez Mandamentos há as seguintes imposições: “Você não terá outros deuses exceto Eu”. “Você não fará imagens nem representações do que quer que seja que esteja no céu ou na terra”. Esta última proibição, em particular, forçou os Hebreus que ainda utilizavam-se de representações pictográficas (desenhos, ilustrações) em seu alfabeto a elimina-las, surgindo então o conceito de um alfabeto baseado baseado em caracteres abstratos. Juntando-se a isto a aceitação deste alfabeto por fenícios e aramaicos, que garantiram a difusão desta nova “descoberta”, houve uma combinação de fatores favoráveis à implementação desta ferramenta de escrita.

Em resumo, os Hebreus, ao sair do Egito, recebem as tábuas da lei no Sinai, o que lhes permitiu criar uma organização social e regras, sendo que uma delas foi a criação de um alfabeto não-pictográfico. Após quarenta anos vagando no deserto os Hebreus chegam à Terra Prometida, a Terra de Canaan. A instalação dos Hebreus implicou em influências nos Cananeus que aderiram à idéia monoteísta e adotaram parte dos rituais e liturgias dos Hebreus. Assim, há grandes semelhanças entre os costumes dos Hebreus e os dos Cananeus.

Quando este alfabeto não-pictográfico emigrou com os Hebreus para a Terra de Canaan houve uma adaptação para uma forma cuneiforme. Nasceu assim o alfabeto ugarítico, que foi utilizado na região de Ugarit, ao norte de Canaan, e que deixou de ser empregado com a destruição de Ugarit, por volta do ano 1200 antes da era comum.